E aí mesatenistas! Tudo bem?
Eu me chamo Vitor Terohata
Pratiquei tênis de mesa por mais de 10 anos e a 5 anos atuo como técnico da Ateme, Faculdade Mackenzie para os cursos de Arquitetura e Direito e para a Unifesp para o curso de Fonoaudiologia.
Sou host do Hajimecast e presidente da Hajime Eventos, alem de organizar torneios a mais de 8 anos.
Uma vez por mês, virei aqui para bater um papo com vocês sobre diversas histórias bacanas que escutamos em nosso podcast, iremos destrinchar algum fundamento do tênis de mesa, vou relatar alguns jogos memoráveis além de curiosidades sobre nosso tão querido esporte!
Para nosso post de abertura gostaria de contar um relato e uma reflexão sobre saúde mental.
Recentemente o mundo do tênis de mesa ficou em choque quando o atleta Liam Pitchford principal integrante da Seleção Inglesa e atual número 24 do mundo, veio a público relatar sobre a constante batalha que ele travava com sua mente.
Perto de competir nas semifinais de duplas de um dos maioria torneios da temporada, Liam abriu o jogo e relatou ao mundo o que vinha sofrendo.
O corpo de Liam estava constantemente em conflito com sua mente.
Liam vinha sofrendo de falta de motivação e senso propósito!
Apesar de estar no auge da carreira após obter uma histórica medalha de bronze para a Inglaterra no mundial de equipes e por ter vencido dois top5 do mundo em sequência, Liam sentia que algo estava errado com ele.
“Eu estava jogando meu melhor tênis de mesa e me sentindo péssimo fora da mesa,” completou Liam Pitchford. “Você não vê isso no nível de elite esportivo porque não demonstramos, mas no fundo podemos estar sofrendo.”
Tudo isso acabou se agravando na pandemia por conta do Loockdown, da suspensão dos torneio e do adiamento das jogos olímpicos de Tokyo.
“Quando houve o lockdown eu não tinha nenhuma motivação e nada por que lutar,” Pitchford disse à agência de notícias PA. “Eu havia provavelmente negligenciado minha saúde mental por um tempo, mas eu senti a situação piorando e percebi que precisava buscar ajuda.”
A solução para Liam foi buscar ajuda de fora.
“Conversei com os meus técnicos e comecei a ver um psicólogo esportivo novamente. Acho que estou voltando ao lugar onde quero estar. Na época eu não estava em grande forma, mas acho que estou em um lugar melhor agora e posso usar esta experiência como algo positivo daqui em diante.”
Hoje em dia Liam segue na briga diária contra sua mente para se manter forte para as olimpíadas de Paris que será realizada ano que vem.
Estou bem feliz que esta percepção tenha mudado. Não sou o maior nome para falar sobre saúde mental, mas para mim foi algo grande falar sobre isso naquela época. Agora que deixei tudo às claras, sinto que posso ir para a mesa sem grandes medos dentro de mim.
Liam Pitchford, Atleta de Tênis de Mesa
“Acho que isso me moldou também como pessoa. Eu não era muito de pedir ajuda, mas depois de passar por essa situação, sinto que posso passar por qualquer coisa, seja perder jogos difíceis ou ter um dia ruim na mesa ou fora dela.”
Esse tipo de problema não é novidade dentro do mundo esportivo.
No início de 2022 vimos o nosso herói nacional Gabriel Medina desistindo de duas importantíssimas etapas da liga mundial de surf por problemas mentais e físicos.
“Reconhecer e admitir para mim mesmo que não estou bem vem sendo um processo muito difícil. [...] Me questionei muito nos últimos tempos se deveria tornar isso público ou manter de forma privada."
No vôlei brasileiro vimos as atletas Gabi Cândido e Drussyla vieram a público relatar que estavam se afastando do esporte por problemas mentais.
Se a cabeça não funciona, o restante não funciona. Eu falo por mim, todas as vezes que estava mal psicologicamente meu corpo respondia de uma forma muito negativa. Quando estou em crise, sinto dor onde não existe. A mente controla o corpo.
Drussyla, Atleta de Voleibol
Eu acho que já passou da hora da gente conversar mais sobre isso e das pessoas se importarem mais.
Gabi Candido, Atleta de Voleibol
Vimos a lenda e multicampeão Simone Biles desistir de uma final olímpica por problemas mentais.
“Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos."
Vimos a superstar japonesa a tenista Naomi Osaka desistindo de um Grand Slam ( um dos 4 maiores torneios da temporada)
O que rendeu até um documentário na Netflix onde ela fala um pouco do que vinha e vem sofrendo até hoje.
“A verdade é que eu tenho sofrido com longas crises de depressão desde o US Open de 2018 e tenho muita dificuldade para lidar com isso."
A Australiana Liz Cambage jogadora olímpica de basquete, desistiu de ir para as olimpíadas de Tokyo faltando um dia para abertura alegando problemas de ansiedade.
"Depender da minha medicação diária para controlar minha ansiedade não é o cenário onde eu gostaria de estar agora. Especialmente em uma competição no maior evento esportivo do mundo."
O maior nadador de todos os tempos Michael Phelps declarou em 2018 que pensou em se matar após as olimpíadas de 2012 onde conquistou 4 medalhas de ouro e 2 de prata.
Nosso ginasta Diego Hypolito declarou que sofre de depressão acabou perdendo mais de 10 kilos e precisou ser internado para se recuperar.
Nossa heroína nacional e lendária judoca Rafaela Silva declarou que entrou em uma profunda depressão após as olimpíadas de Londres em 2012 após sofrer ofensas racistas.
O jogador de futebol Nilmar declarou em uma entrevista que a passagem pelos Emirados Árabes e as constantes contusões na carreira o levaram ao fundo do poço.
“Você pode perguntar se eu pensei em suicídio. Não é esse nível de depressão, porque isso aí é um nível muito alto e quem faz terapia sabe. Mas é uma infelicidade que você não tinha prazer em nada. Nada me motivava, me dava prazer. Meus filhos chegavam da escola, e eu não tinha forças para brincar com eles... (começa a chorar) Um dos motivos que me fizeram voltar era os meus filhos estarem maiores e poderem ver o pai jogar. Não ter forças para brincar quando eles chegavam em casa, brincar, dar um carinho, um abraço, eu não tinha forças, era muito difícil”
''Você não consegue sair, por mais que você lute, mais triste você fica, mais angústia... Só quem enfrentou, quem viveu próximo a isso, e o atleta profissional tem essa imagem de ser um super-herói''.
Um pouco mais atrás na história vimos o tenista Mardy Fish na época em que era o tenista número 1 nos Estados Unidos e número 7 do mundo desistir do US Open um dos 4 maiores torneios da temporada que é realizado nos Estado Unidos
“Meu coração estava acelerado como nunca antes, eu senti que iria morrer. Estava no meu auge, mas não me sentia bem, tinha algo de errado comigo!”
Enfim, o que podemos tirar de tudo isso?
Como puderam ver, a maioria dos citados acima estavam no auge de suas carreiras, conquistando resultados nunca antes atingidos, mas mesmo assim foram pegos pela mente.
Muitas pessoas pensam que os atletas olimpicos e as lendas do esporte não sofrem com dificuldades, esse post é justamente para entendermos como que a saúde mental é importante é não pode ser negligenciada por nos atletas.
Muitas horas de treino, muita cobrança pessoal e de fora, tudo isso afeta nossa performance na mesa.
Qualquer sinal de depressão, ansiedade, insônia excessiva, procure ajuda!
Procure um profissional ou converse com alguém sobre.
Ser atleta não é fácil! O preço cobrado é grande!
Se em seu clube tiver alguém que esteva passando por isso, procure ajuda!
Muito obrigado V-Squad! O post desse mês é esse!
Espero que todos gostem e mês que vem eu retorno para outra sessão de leitura!
Abraço a todos!
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Fontes:
